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Novo ano, novo governo e novas esperanças para o setor. Este 2019 começou quente na política e no clima. A temperatura em Brasília está alta, com as novas medidas do governo Jair Bolsonaro, umas esperadas, outras surpresas. Nossa nova ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento terá vários desafios pela frente, alguns já conhecidos, outros novidades. Desejamos a ela e a todo o novo governo sucesso na nova empreitada. O Brasil depende de um governo austero, responsável e criativo.

A temperatura ambiente também tem estado um pouco alta. Isso não é novidade, e o produtor está cada vez mais preparado para lidar com alterações no clima. Essas alterações são naturais, como dizem alguns? São influenciadas pelo homem e seu progresso, como defendem outros? Só o tempo dirá. O fato é que temos de tratar desse assunto com a seriedade que ele merece, e produzir com sustentabilidade é a melhor forma de fazê-lo.

O setor agropecuário, a despeito de todas as considerações anteriores, continuará sendo o esteio da economia brasileira ainda por muito tempo.

O quadro Boi Gordo no Mundo apresenta os valores da arroba do boi gordo em dólares norte-americanos referentes aos quatro principais países exportadores de carne bovina no mundo, no período compreendido entre 16/11/2018 e 15/01/2019.

Considerando-se a média de 38 dias úteis nesse período, observa-se que a arroba do boi gordo no Brasil sofreu leve alta de 2,70%, passando de US$ 38,19 para US$ 39,22. Esse aumento foi acompanhado pela Argentina, que apresentou alta de 1,08%, bem diferente da queda observada no período anterior. Essa estabilização do produto argentino se justifica pela relativa tranquilidade da moeda daquele país em relação ao dólar norte-americano, cenário completamente diferente do observado no final de 2018. Já a Austrália e os Estados Unidos apresentaram uma valorização internacional dos seus produtos de origem bovina bem mais acentuada. No país da Oceania, a alta foi de 8,84%, e, para os norte-americanos, foi um pouco menor, de 6,31%. Com isso, o produto sul-americano ficou um pouco mais competitivo no mercado internacional. Bom para o Brasil, embora sempre devemos lembrar que o que mais importa para nós ainda é o mercado interno, no qual cerca de 80% da produção é comercializada.

O gráfico da Evolução do preço da arroba do boi gordo por UF (Unidade da Federação) apresenta a variação dos preços a prazo no mercado interno, entre os dias 16/11/2018 e 15/01/2019. A média da valorização da arroba do boi gordo no Brasil para o período analisado nesta coluna, entre os dias 16/11/2018 e 15/01/2019, considerando nove dos principais estados produtores, foi de 1,26%. Novamente, oito dos nove estados apresentaram alta; mas, ao contrário do período anterior, no qual o Rio Grande do Sul teve o seu valor médio reduzido, desta vez, foi o Mato Grosso do Sul que caiu 0,78%. Essa situação é absolutamente normal, pois as pastagens estão muito produtivas nesta época do ano: muita chuva, calor e luz! Os animais estão em fase de engorda para serem comercializados no final do período das águas, na sua maioria. A tendência, nesta época, é de preços estáveis.

No Mato Grosso do Sul, o valor da arroba caiu de R$ 144,83, no final do período anterior, para R$ 142,33, após os 38 dias úteis avaliados. Assim, o valor médio da arroba naquele estado foi o único a cair; nos outros, a situação ficou assim: alta de 0,80% em São Paulo; 2,05% em Minas Gerais; 0,72% em Goiás; 0,65% no Mato Grosso; 0,05% no Pará; 0,46% no Paraná; 0,71% em Santa Catarina; e 6,66% no Rio Grande do Sul.

No gráfico Média do preço da desmama, que representa os animais machos da raça Nelore com oito meses de idade e 165 kg de peso vivo, mostra os valores pagos pela reposição da categoria no período de 16/11/2018 a 15/01/2019.

A tendência de valorização da cria, já observada desde os últimos meses de 2018, continuou neste início de ano. Todos os estados avaliados apresentaram alta nessa categoria. Será que estamos entrando mesmo em um ciclo de alta? Não tenho dúvidas disso. O que não mudou mesmo é o fato de que o Rio Grande do Sul continua praticando preços do bezerro abaixo dos R$ 1 mil. Foi também o estado que apresentou o menor índice de alta.

A média geral do valor dessa categoria nos oito estados avaliado foi de R$ 1.155,86, apontando alta de 2,81% em relação ao período anterior. A valorização por estado foi a seguinte: São Paulo, 2,14%; Minas Gerais, 3,58%; Goiás, 3,76%; Mato Grosso do Sul, 1,90%; Mato Grosso, 4,99%; Pará, 2,88%; Paraná, 1,79%; e Rio Grande do Sul, 1,18%.

O gráfico Relação de troca média mostra a relação de troca entre as categorias de desmama e boi magro com o boi gordo de 16 arrobas, no período entre 16/11/2018 e 15/01/2019.

A situação da relação de troca entre desmama e boi gordo se inverteu em relação ao período anteriormente analisado. Os valores para esse índice caíram em todos os estados avaliados, menos no Rio Grande do Sul. Isso se deu em função da pequena valorização da arroba e da grande valorização da desmama, conforme já salientado anteriormente. Dessa vez, todos os invernistas, de todo o País, tiveram de desembolsar um valor a mais para comprar a sua reposição.

A média da relação de troca em todo o território nacional ficou em 2,01, contra 2,04 apurada no período anterior. A média da relação de troca desmama/boi gordo em todos os estados ficou assim: 1,93 para São Paulo; 2,00 em Minas Gerais; 1,81 em Goiás; 1,89 no Mato Grosso do Sul; 1,84 no Mato Grosso; 2,06 no Pará; 2,10 no Paraná; e 2,44 no Rio Grande do Sul. Nos pampas, a alta da relação foi de 6,09%, passando de 2,30 para 2,44.

Um cenário ligeiramente diferente foi verificado na avaliação da relação de troca boi magro/boi gordo. Em quatro estados, a relação caiu (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará); em três, ela subiu (Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul); e ficou na mesma em Minas Gerais. A relação em todos os estados é a seguinte: São Paulo (1,20), Minas Gerais (1,28), Goiás (1,18), Mato Grosso do Sul (1,23), Mato Grosso (1,21), Pará (1,28), Paraná (1,32) e Rio Grande do Sul (1,39).

Nestes novos tempos, alguns novos hábitos devem ser introduzidos nas propriedades pelos produtores, principalmente ligados à gestão do negócio. Práticas como controles rígidos, tanto econômicos como técnicos, treinamento de pessoal, intensificação da produção, entre outras, devem fazer parte do planejamento da atividade. Para combater o atual cenário de incertezas, só atitudes como essas trarão o sucesso almejado. Todos devemos lembrar que é responsabilidade do pecuarista a gestão eficiente do seu negócio.

Autor: Antony Sewell, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária
Matéria publicada na Revista AG – Edição Fevereiro de 2019