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E o cenário continua parecido. Poucas alterações nos valores da arroba, da reposição e na relação de troca. Mercado normal… Na política, o embate que pode surgir entre a Agricultura e a Fazenda a respeito dos subsídios pode, se não for bem conduzido pelo nosso presidente, atrapalhar o homem do campo, que depende de recursos para produzir. Os subsídios não são saudáveis para o agronegócio sustentável, mas sua simples extinção não me parece o melhor caminho.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) previu uma redução na quantidade de grãos a ser produzida na safra 2018/19. Esse fato pode refletir em um aumento de custos no setor nutricional das fazendas, seja via suplementação mineral ou rações, pela falta de grãos no mercado. Qual a melhor forma de resolver esse problema? Gestão! Os subsídios são bem-vindos para resolver o problema de forma emergencial. Mas e de forma definitiva? Cabe aos pecuaristas e às suas equipes de gestão a equação desse problema.

No quadro do Boi Gordo no Mundo são mostrados os valores da cotação dos quatro principais países exportadores de carne bovina no mundo, em dólares norte-americanos, no período compreendido entre os dias 16/01 e 15/02/2019.

Considerando-se o período de 22 dias de avaliação, observa-se que a arroba do boi gordo no Brasil apresentou alta de 4,43%, passando de US$ 39,22 para US$ 40,96. Esse aumento foi verificado pelo segundo período consecutivo, mostrando uma valorização do produto brasileiro no mercado internacional. Com a carne argentina ocorreu o mesmo, embora em patamares bem mais elevados: a valorização da arroba por lá foi de 20,51% no período, sendo cotada a US$ 41,71, ultrapassando o valor da arroba brasileira, o que torna o nosso produto um pouco mais competitivo. Nos demais países exportadores avaliados, o comportamento dos preços da arroba foram opostos: enquanto na Austrália os preços despencaram (baixa de 7,06% no período), nos Estados Unidos, a alta foi de 6,57%. Nesse período, a carne brasileira foi a mais barata entre os países analisados; isso ajuda a escoar o produto no mercado internacional. Esse fato é ótimo para o País, principalmente se novos mercados forem conquistados.

O gráfico da Evolução do preço da arroba do boi gordo por UF (Unidade da Federação) apresenta a variação dos preços a prazo no mercado interno, no período compreendido entre os dias 16/01 e 15/02/2019.

A média da valorização da arroba do boi gordo a prazo no Brasil, no período analisado, entre os dias 16/01 e 15/02/2019, considerando nove dos principais estados produtores, foi de 0,48%. A alta foi pequena, mas manteve a tendência observada no período anterior. Esta é uma época do ano na qual não se espera mesmo grandes variações de preço, pois os animais se encontram, na sua maioria, em fase final de terminação e engorda a pasto. Os preços, nos próximos meses, podem cair um pouco, em função da desova desses animais de pasto, caracterizando o início da fase de entressafra. Dos nove estados avaliados, cinco apresentaram alta nos preços e quatro apresentaram baixa. A maior valorização veio dos pampas, com 5,69%, recuperando valores que tinham sido perdidos no final de 2018. Mais uma vez, o Mato Grosso do Sul foi aquele que apresentou a maior queda: 2,17%.

No estado, o valor da arroba caiu de R$ 142,33, no final do período anterior, para R$ 140,89 após os 16 dias úteis avaliados. A valorização média da arroba nos outros estados avaliados ficou assim: 1,49% em São Paulo, -0,82% em Minas Gerais, 0,49% em Goiás, 1,37% no Mato Grosso, -2,05% no Pará, -0,69% no Paraná e 0,07% em Santa Catarina.

No gráfico Média do preço da desmama, que representa os animais machos da raça Nelore com oito meses de idade e 165 kg de peso vivo, observam-se os valores pagos pela reposição da categoria no período de 16/01 a 15/02/19.

Esse novo período de avaliação de preços da desmama confirmou a tendência de valorização da categoria nos últimos meses, como foi discutido na nossa última coluna. Mais uma vez, todos os estados avaliados apresentaram alta para essa categoria. É um novo ciclo de alta que se inicia! O Rio Grande do Sul continua praticando os preços de bezerro mais baixos entre os estados avaliados, mas superou a barreira dos R$ 1 mil e negociou a desmama, na média, a R$ 1.021,36, por cabeça.

A média geral da categoria, nos oito estados avaliados, foi de R$ 1.185,34, alta de 2,55% em relação ao período anterior. A valorização estado por estado foi a seguinte: São Paulo, 0,38%; Minas Gerais, 2,06%; Goiás, 1,35%; Mato Grosso do Sul, 0,09%; Mato Grosso, 3,53%; Pará, 6,43%; Paraná, 3,46% e Rio Grande do Sul, 4,05%.

O gráfico Relação de troca média mostra a relação de troca entre as categorias de desmama e boi magro com o boi gordo de 16 arrobas, no período entre 16/01 e 15/02/2019.

Nesse período, a relação de troca entre desmama e boi gordo foi, novamente, bem favorável ao criador. Devido à grande valorização da desmama e à quase imperceptível valorização do boi gordo, a balança pendeu contra os invernistas. A relação de troca caiu em todos os estados avaliados, com uma única exceção: São Paulo. A relação de troca para os paulistas ficou em 1,95, contra 1,93 do período anterior. A média da relação de troca em todo o território nacional ficou em 1,95, contra 2,01 apurada no período anterior.

A média da relação de troca desmama/boi gordo nos demais estados ficou assim distribuída: 1,94 em Minas Gerais; 1,80 em Goiás; 1,85 no Mato Grosso do Sul; 1,80 no Mato Grosso; 1,91 no Pará; 2,02 no Paraná; e 2,33 no Rio Grande do Sul. A maior queda foi no Pará, passando de 2,06 para os atuais 1,91.

A relação de troca entre boi magro e boi gordo ficou praticamente estável entre os dois períodos avaliados. Houve uma pequena redução na taxa, de 1,26 para 1,24, queda de 1,46%. Em seis estados, a relação caiu (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná e Rio Grande do Sul), e, em dois, ela subiu (São Paulo e Mato Grosso). A relação em todos os estados é a seguinte: São Paulo (1,21), Minas Gerais (1,27), Goiás (1,17), Mato Grosso do Sul (1,17), Mato Grosso (1,22), Pará (1,25), Paraná (1,31) e Rio Grande do Sul (1,36).

Em breve, teremos uma perspectiva do que será a reforma da Previdência no Brasil. Todos sabem que essa reforma é essencial e que sem ela o País pode se tornar inviável. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) enviada pelo Governo ao Congresso traz mudanças significativas, como idade mínima para requerer aposentadoria. E isso vai afetar também o homem do campo. É justo? Creio que sim.

Mas essas mudanças devem atingir a todos. Aquela máxima de que somos todos iguais perante a lei deve ser seguida à risca neste momento, com o perigo de colocarmos tudo a perder caso isso não aconteça. O agronegócio é responsável por boa parte do equilíbrio fiscal do País, mas não pode carregar sozinho o ônus dos erros da falta de planejamento.

Autor: Antony Sewell, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária
Matéria publicada na Revista AG – Edição Março de 2019