Blog Boviplan

Mais um ano que se inicia e já cheio de problemas. Ainda não nos livramos da pandemia e a vacina está longe de ser a solução para todos. Mas o setor do agronegócio continua firme e forte, apesar de todos os percalços econômicos, políticos e ambientais. O pecuarista tira tudo isso de letra!

Analisando os preços do boi gordo no mundo, em dólares americanos, em quatro dos principais países exportadores mundiais, entre 16 de novembro de 2020 e 15 de janeiro de 2021, verificamos que o Brasil fechou em US$ 51,19/@ segundo apuração da Scot Consultoria adaptada pela Boviplan. No mesmo período, a arroba argentina alcançou US$ 44,57, a australiana, US$ 82,84, e a americana, US$ 54,85. O valor da arroba, nos países apresentados, subiu, em média, 3,24% em relação aos 30 dias imediatamente anteriores. A maior alta ocorreu na Argentina, onde a arroba passou de US$ 40,59 para US$ 44,57 (9,82%). Na Austrália, o preço também subiu no mercado internacional (1,64%), passando de US$ 81,50 para US$ 82,84. Os EUA apresentaram a única queda entre os países analisados (0,52%), de US$ 55,14 para US$ 54,85.

No Brasil a alta foi de 4,71%, com os valores passando de US$ 48,89 para US$ 51,19. Com isso, a diferença de valor da arroba do boi gordo entre Brasil e Argentina está em 14,85%. Como ocorreu durante todo o ano de 2020, a arroba dos hermanos abriu o ano de 2021 valendo menos do que a nossa, tornando a Argentina mais competitiva no mercado internacional. No entanto, apesar da excelente qualidade da carne, o país não tem quantidade suficiente para abastecer o mercado atendido pelo Brasil.

No gráfico Evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da federação, observamos a variação de preços em dez das principais praças pecuárias do Brasil, pesquisadas entre 16/11/20 e 15/01/21. Os dados mostram muito bem o comportamento dos preços da arroba do boi gordo no período. No final de novembro do ano passado, tivemos o já famoso pico de preços, onde o valor nominal da arroba bateu recordes, chegando a R$ 290,00 no estado de São Paulo. O aumento dos preços foi acompanhado no resto do País, como é de praxe. Mas, já em meados de dezembro, os preços recuaram, justamente próximo às festas de final de ano. O mercado se assustou, mas abriu o ano em alta e, assim, permaneceu até o fechamento do período analisado. A média observada nos dez estados avaliados para o período foi de R$ 259,40/@. O valor é 33,14% mais alto do que o praticado na virada de 2019 para 2020! Foi ou não foi um ano bom para o setor? Em relação ao período anterior (16/10 a 13/11/20), não houve variação – do jeito que caiu, a arroba subiu.

A média do valor da arroba do boi gordo se manteve estável na média nacional. Ocorreu uma leve desvalorização (0,07%) quando comparamos o período atual com o anterior. O Rio Grande do Sul apresentou a maior alta dentre os dez estados avaliados (4,79%); já em Rondônia, a queda foi de 3,12%, a mais elevada. Nos demais estados a situação ficou a seguinte: SP, baixa de 1,35%; MG, alta de 0,64%; GO, alta de 1,10%; MS, queda de 2,78%; MT, queda de 0,97%; PA, queda de 1,02%; PR, alta de 0,41% e SC, alta de 1,92%.

O gráfico Média do preço da desmama mostra o preço médio pago pelo macho Nelore desmamado de 180kg, praticado entre 16/11/20 e 15/01/21. A média de preços da desmama subiu, reduzindo a diferença para o boi gordo. O aumento foi da ordem de 2,75%, passando de R$ 2.253,96 para R$ 2.316,02. A reposição segue firme, como mostram os números do setor.

Todos os estados avaliados apresentaram alta no período para a desmama à exceção de Goiás. Por lá, a desvalorização foi da ordem de 0,24%. A situação nos demais estados foi a seguinte: SP, alta de 1,44% (R$ 2.454,88/cab); MG, 3,35% (R$ 2.459,76); MS, 3,34% (R$ 2.443,90); MT, 3,01% (R$ 2.490,24); PA, 3,75% (R$ 2.228,05); PR, 2,66% (R$ 2.186,59); RO, 6,01% (R$ 2.387,80) e R$, 1,42% (R$ 1.816,10).

O último gráfico, Relação de Troca média, apresenta as relações de troca do bezerro macho desmamado e do boi magro com o boi gordo, entre os dias 16/11/20 e 15/01/21. Em função da relativa estabilidade da arroba do boi gordo no período e da valorização das categorias de reposição, a relação de troca entre desmama e boi gordo e boi gordo e boi magro foi altamente favorável aos criadores. No caso da relação de troca com a desmama, o índice caiu de 2,15:1 para 1,82:1. Assim, o invernista compra menos animais desmamados por arroba produzida. Na comparação entre os estados esta relação caiu em todos: em SP, ficou 1,75:1; em MG, 1,73:1; em GO, 1,76:1; no MS, 1,69:1; no MT, 1,63:1; no PA, 1,87:1; no PR, 1,91:1; em RO, 1,78:1 e no RS, 2,28:1.

Na relação de troca entre boi gordo e boi magro o cenário foi exatamente o mesmo: em todos os estados avaliados a relação caiu, fazendo a balança pender para o lado do criador. A situação ficou assim: em São Paulo, 1,13:1; Minas Gerais, 1,11:1; Goiás, 1,13:1; Mato Grosso do Sul, 1,15:1; Mato Grosso, 1,06:1; Pará, 1,24:1; Paraná, 1,23:1; Rondônia, 1,31:1 e Rio Grande do Sul, 1,35:1.

De que vale estas informações para o produtor? Quanto maior o número e a qualidade dos dados que o produtor tem acesso melhor será a sua tomada de decisão em relação à época de venda, época de compra e a hora de ficar na surdina. Os números aqui apresentados e tantos outros índices importantes para a cadeia da carne fazem com que o pecuarista tenha como conduzir o seu negócio de forma a se manter eficiente e rentável. Os altos e baixos sempre existirão, e o bom produtor não se empolga na alta e nem se desespera na baixa. Ele está preparado para tudo isso, com uma gestão profissional.

Autor: Antony Sewell, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária.
Matéria publicada na Revista AG – Edição Fevereiro – 2021