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O acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia promete ser um marco nas relações entre dois dos principais blocos comerciais no mundo. Segundo a Scot Consultoria, esse acordo poderá beneficiar a exportação de vários produtos agrícolas brasileiros, entre eles, as carnes bovina, de frango e suína. A exportação desses produtos poderá impactar positiva- mente na balança comercial brasileira e, consequentemente, no PIB do agronegócio, que já responde por boa parte do PIB nacional.

Acordos como esse já deveriam fazer parte das relações comerciais brasileiras há muito tempo. O que se espera do nosso governo são atitudes no sentido de fomentar a exportação dos produtos agropecuários brasileiros. Vamos torcer para que tudo dê certo e novos acordos apareçam.

No quadro Preços do Boi Gordo no Mundo, podemos observar os preços da arroba do boi gordo, em dólares americanos, nos quatro principais países exportadores mundiais, no período de 17 de junho a 15 de julho de 2019.

Apesar de uma alta de 5,01%, quando comparada ao período imediatamente anterior, a arroba do boi gordo produzida no Brasil ainda é a mais barata no mercado internacional em relação aos demais países avaliados. Não há novidade nisso. Nosso País continua produzindo a carne mais barata e de excelente qualidade. Os números do período revertem a tendência que vinha se verificando, que era de recuo no valor da arroba em dólares no mercado internacional. Além da alta no Brasil, a arroba argentina saltou 8,46% (a maior entre esses países), e a australiana, 3,65%. O único país na contra- mão dessa tendência foram os Estados Unidos, com recuo de 2,52% no valor da arroba.

Como a arroba americana já havia apresentado queda no período anterior, há uma tendência de que os Estados Unidos estejam se tornando levemente mais competitivos, pois a diferença no valor da arroba entre aquele país e os demais se reduziu significativamente. Chama a atenção também a alta na carne da Argentina, o que favorece o Brasil em termos de competitividade com aquele país. A diferença, que era de US$ 0,60 por arroba, subiu para US$ 1,99 por arroba.

O gráfico da Evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da Federação mostra a variação de preços da arroba nas principais praças pecuárias do Brasil, pesquisadas no período compreendido entre os dias 17/06 e 15/07/2019.

O período analisado nesta coluna, de meados de junho a meados de julho de 2019, mostra uma leve tendência de alta no valor da arroba do boi gordo a prazo nos nove estados avaliados. Esse resultado contraria o anterior, que registrou baixa de 1,11%. A alta deste mês foi de 0,83%, passando a R$ 147,77/@. Na realidade, a variação de preços ao longo destes últimos meses tem sido bastante incipiente. É um quadro normal, com preços afetados pelo frio e pela escassez de animais provenientes do pasto, de forma geral. Por estado, a variação nos preços foi a seguinte: altas de 1,37% em São Paulo, de 1,20% em Minas Gerais, de 1,75% em Goiás, de 0,81% no Mato Grosso, de 0,77% no Pará, de 0,15% no Paraná, de 0,34% em Santa Catarina e de 1,15% no Rio Grande do Sul. Apenas o Mato Grosso do Sul apresentou baixa no período, da ordem de 0,15%.

O cenário da pecuária de corte no Brasil pouco mudou nos últimos meses. Estamos vivendo o período da entressafra na produção de carne bovina, no qual a maior parte do gado a pasto já foi negociado e a maior parte dos animais confinados ainda está no cocho. O frio intenso do início de julho prejudicou um pouco mais as pastagens e fez com que os pecuaristas de- sovassem seus animais antes da hora.

Os frigoríficos se aproveitaram disso, e os preços não subiram tanto quanto os produtores esperavam. Aqueles pecuaristas que se prepararam melhor para o período não sentiram tanto o problema. Mais uma vez, um bom planejamento e uma gestão de qualidade fizeram a diferença!

O gráfico da Média do preço da desmama apresenta o preço médio pago pelo macho Nelore desmamado de 180 kg, no período de 17/06 a 15/07/2019.

Contrariando o que vinha ocorrendo nos últimos meses, a média de preços dessa categoria caiu nos oito estados avalia- dos. No período anterior, a média foi de R$ 1.292,90 e, no atual, de R$ 1.290,86, apresentando leve queda de 0,16%. Apesar de estarmos vivendo a fase do ciclo pecuário no qual a valorização da cria é evidenciada, o período analisado mostrou certa estabilização nos preços. Isso é normal, principalmente devido às condições climáticas, que forçaram uma maior oferta de bezerros. Quatro estados apresentaram queda nos preços: São Paulo, 0,98%; Minas Gerais, 0,54%, Mato Grosso do Sul, 1,18%; e Paraná, 1,63%. Já Goiás, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Sul apresentaram alta de 0,46%, 0,52%, 2,07% e 0,17%, respectivamente.

A partir da volta das chuvas e consequente recuperação das pastagens, a procura pela reposição vai se acentuar, o que deverá elevar o preço de bezerros e bois magros novamente.

O gráfico Relação de troca média apresenta as relações de troca do bezerro macho desmamado e do boi magro com o boi gordo, no período de 17/06 a 15/07/2019.

Apesar da queda no preço do bezerro, como vimos no gráfico anterior, o momento continua sendo favorável ao criador, embora a relação de troca tenha subido em seis estados, mantida estável em um e caído em apenas um, no caso da desmama. No caso do boi magro, todos os estados apresentaram alta na relação de troca. No entanto, a variação não foi significativa a ponto de afetar o cenário positivo para o produtor de bezerros.

Nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, a relação de troca bezerro:boi gordo subiu, permanecendo estável no Mato Grosso e caindo no Pará. A relação de troca média para essa categoria subiu de 1,82% para 1,84% na comparação dos dois períodos. Já na relação de troca entre boi magro e boi gordo, a variação foi ligeiramente maior, passando de 1,19% para 1,22%.

O quadro político no Brasil ainda é incerto. De bom para o setor é o apoio que o presidente vem dando, pelo menos verbalmente. A questão ambiental pode ser um entrave para a comercialização dos produtos agropecuários brasileiros no exterior, uma vez que barreiras podem ser criadas em função de algum desajuste no cumprimento ou alteração do nosso Código Florestal. O que o produtor rural precisa fazer é se planejar muito bem para atravessar de forma satisfatória este período, focando em uma gestão moderna e eficiente do negócio.

Autor: Antony Sewell, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária
Matéria publicada na Revista AG – Edição de Agosto de 2019