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O mês de maio chegou e com ele o clima amenizou. O frio, em conjunto com a estiagem prolongada de algumas regiões, gera sinal de alerta para o setor agropecuário.

Apesar disso, quando o assunto são as exportações no agronegócio, o clima permanece bem aquecido. Mesmo com os embargos vindos da China e com a queda no preço da arroba do boi gordo, no setor da carne bovina as exportações permanecem em grande volume. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a exportação total de carne bovina, em abril, teve crescimento de 22% no volume e de 56% na receita quando comparado ao mesmo período de 2021. Segundo o Ministério da Agricultura divulgou no dia 20 de maio, as exportações do agronegócio brasileiro chegaram ao valor recorde de US$ 14,86 bilhões.

O quadro Preços do Boi Gordo no Mundo mostra os valores da arroba do boi gordo, em dólares americanos, em quatro dos principais países exportadores mundiais, no período compreendido entre os dias 16 de abril e 13 de maio de 2022.

Dentre os países avaliados, os preços da arroba do boi gordo apresentaram queda de 7,35% e de 4,97% no Brasil e na Austrália, respectivamente, quando comparado ao último período avaliado.

Por sua vez, houve incremento no valor praticado nos Estados Unidos, passando de US$ 73,43 para US$ 75,25 (2,48%) e na Argentina, passando de US$ 76,53 para US$ 78,26 (2,26%).

Dados da Secex – divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) – mostram que os embarques de carne bovina para exportação com destino à China, somente nos primeiros quatro meses do ano, somaram 341,39 mil toneladas, 37% superior ao mesmo período de 2021.

No próximo gráfico, Evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da federação, podemos observar a variação de preços da arroba em dez das principais praças pecuárias do Brasil, pesquisadas entre os dias 16 de abril e 13 de maio de 2022.

O período avaliado não foi de grandes variações para a arroba do boi gordo; apesar disso, houve queda no preço médio em todas as praças avaliadas. A maior variação ocorreu em Rondônia, onde a média passou de R$ 281,80 para R$ 265,53, queda de 5,77%, seguida de Goiás (5,30%), Minas Gerais (4,63%), São Paulo (4,53%), Mato Grosso (4,14%), Mato Grosso do Sul (3,12%), Paraná (2,11%), Pará (1,33%) e Santa Catarina (0,21%).

A tendência é de continuidade na queda dos preços em curto prazo, uma vez que a quantidade de animais ofertados, no mercado, está em bom volume. Apesar do grande volume exportado à China, houve novamente embargos por parte do país asiático em relação à proteína vermelha brasileira. A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) suspendeu a importação de carne bovina em quatro frigoríficos brasileiros; porém, o nosso país não foi o único a sofrer o corte, sendo interrompida a compra também de frigoríficos uruguaios e russos.

O gráfico a seguir, Média do preço da desmama, mostra o preço médio pago pelo macho Nelore desmamado de 180 kg, praticado no período compreendido entre os dias 16 de abril e 13 de maio de 2022.

Seguindo os preços da arroba do boi gordo, a desmama demonstrou queda em quase todas as praças avaliadas durante o período, com exceção dos estados de Rondônia, onde ocorreu aumento percentual de 1,74% no preço praticado, e do Pará, em que o valor de comercialização se manteve o mesmo do último período avaliado, com média de R$ 2340,00.

As demais praças fecharam o período com queda nos preços. A maior variação percentual ocorreu no Mato Grosso (7,65%), seguido de Minas Gerais (3,27%), Mato Grosso do Sul (3,25%), Santa Catarina (2,80%), Paraná (2,62%), São Paulo (2,36%) e Goiás (0,69%).

O último gráfico, Relação de troca média, apresenta as relações de troca do bezerro macho desmamado e do boi magro com o boi gordo, entre os dias 16 de abril e 13 de maio de 2022.

O cenário das relações de troca mostrou- -se variável. Na média geral de ambas as análises, houve uma sutil queda percentual. No caso da relação de troca desmama:boi gordo, a média passou de 1,92:1 para 1,91:1 (0,34%). No caso da relação de troca boi magro: boi gordo a média passou de 1,27:1 para 1,25:1, queda de 1,96%.

Dentre as praças avaliadas, a relação de troca desmama:boi gordo apresentou aumento percentual nos estados de Mato Grosso (5,20%), Santa Catarina (2,50%) e Paraná (0,48%). Nas demais praças, a queda percentual foi de 4,65% em Goiás, 2,08% em São Paulo, 1,82% em Rondônia, 1,55% no Pará, 1,25% em Minas Gerais e 0,04% no Mato Grosso do Sul.

No caso da relação de troca boi magro:boi gordo, as variações foram positivas nos estados de Rondônia e Mato Grosso, percentual de 2,24% e 0,49%, respectivamente. Houve queda nos estados de Goiás (6,14%), Santa Catarina (4,97%), Minas Gerais (3,72%), Pará (1,92%), São Paulo (1,75%), Mato Grosso do Sul (1,32%) e Paraná (0,99%).

É muito importante salientar a influência dos números na tomada de decisão do pecuarista acerca do mercado e das negociações. Apesar de demonstrarem variações sutis na maioria das vezes, é a partir dessas mudanças que podemos presumir o que nos aguarda no futuro e, assim, realizar uma gestão eficiente que nos gere o lucro esperado!

Autores:
Antony Sewell – Sócio e Consultor (Boviplan)
Victória Girnos – Analista de Conteúdo (Boviplan)
Matéria publicada na Revista AG – Edição Novembro – 2022