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O primeiro quadrimestre de 2019 foi positivo para as exportações de carne bovina brasileira. Houve alta no volume exportado em 11,7% e aumento de 3,1% em receita frente ao mesmo período do ano passado, conforme dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex) divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Nesse período, as exportações totalizaram mais de 538 mil toneladas de carne bovina, gerando uma receita de US$ 2,01 bilhões. Analisando somente o mês de abril, o resultado também foi interessante. Foram embarcadas 132.855 toneladas de carne com faturamento de mais de US$ 500 milhões, resultando em alta de 53,5% e 43,3%, respectivamente, frente ao mês de abril do ano passado.

Os principais destinos da carne bovina brasileira no primeiro quadrimestre são a Rússia, os Emirados Árabes e o Irã, que merecem destaque, já que apresentaram incremento de 1.335%, 349% e 47%, respectivamente, no volume importado.

O quadro Boi Gordo no Mundo apresenta os preços da arroba do boi gordo dos principais exportadores mundiais.

Como pode ser observada na tabela, a arroba brasileira continua vantajosa no mercado internacional, possuindo o menor preço de comercialização entre as praças. Comparando os 30 dias anteriores ao período apresentado, a arroba do Brasil e da Argentina tiveram retração de preços de 2,3% e 2,6%, respectivamente.

Por outro lado, a arroba australiana – que, devido a fatores climáticos, apresentou queda brusca de 9,5% anteriormente –, agora, começa a se recuperar. Fechou o período analisado com aumento de 7,5%, porém ainda abaixo da casa de US$ 55,25 antes da queda. Por fim, a arroba americana sofreu ligeiro aumento de 0,4% e andou de lado no período avaliado.

O gráfico da Evolução do preço da arroba apresenta o comportamento do mercado da arroba do boi gordo nas principais praças pecuárias do Brasil, de 16/04 até 15/05/2019, considerando-se os 20 dias úteis do período.

Comparando o período analisado com os 30 dias anteriores, houve aumento no valor da arroba nas praças de São Paulo (0,1%), Minas Gerais (0,4%), Mato Grosso do Sul (0,5%), Mato Grosso (0,6%), Pará (1,8%) e Rio Grande do Sul (2,4%). Por outro lado, houve retração de preços nas praças de Goiás (-2,0%), Paraná (-0,3%) e Santa Catarina (-0,3%).

A época da entressafra se aproxima, e a oferta de boiadas terminadas a pasto começa a aumentar com o final do período chuvoso. Isso é evidenciado no gráfico apresentado, no qual a lei da oferta e demanda forçou os preços da arroba para baixo na maioria das praças estudadas, a partir da primeira quinzena de maio. Entretanto, o pecuarista ainda está resistente em entregar o produto nos preços ofertados. Nada fora do comportamento esperado para essa época do ano, na qual as boiadas gordas começam a ser desovadas juntamente com o receio da disponibilidade e da qualidade da forragem no período seco do ano.

É importante salientar que essa é a hora que a falta de planejamento do sistema produtivo e da gestão dos custos da propriedade são evidenciados, pois, sem eles em mãos, fica obscura a avaliação para a tomada de decisão do momento de venda e consequente resultado financeiro obtido.

Para os pecuaristas que fazem uso do milho na suplementação e na ração para os seus animais, as notícias são boas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou na prévia do oitavo levantamento da safra atual que a produção de milho será 18%maior que a safra 2017/2018. A queda no preço já é realidade, e o poder de compra do pecuarista aumentou. Em maio do ano passado, no Mato Grosso, o pecuarista comprou seis sacos de milho com uma arroba de boi gordo frente a 6,4 sacos em maio deste ano, ou seja, aumento significativo de 6,6% na relação de troca, que tende a aumentar com a colheita da safrinha em avanço.

O gráfico Média do preço da desmama apresenta o preço médio pago no macho desmamado de 180 kg de 16/04 a 15/05/2019.

O aumento nos preços foi generalizado, comparando o período analisado com os 30 dias corridos da segunda quinzena de março até a primeira quinzena de abril. A média geral das praças estudadas ficou em 4%, merecendo destaque os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, que obtiveram aumento de 4,4% e 6%, respectivamente. É o ciclo de alta se concretizando a cada dia.

Vale ressaltar que o ágio pago pela arroba do bezerro frente à arroba do boi gordo está altíssimo em todas as praças. Somente o Rio Grande do Sul está discrepante – apresentando ágio de 20%. Os estados de São Paulo (39,4%), Minas Gerais (40,8%), Goiás (51,2%), Mato Grosso do Sul (47,9%), Mato Grosso (51,6%), Pará (45,3%) e Paraná (42,6%) detêm valores que estão deixando os invernistas arrepiados.

É o momento de avaliar as possibilidades que o mercado oferece, e, diante disso, a compra de boi magro se torna uma alternativa a ser estudada. O ágio pago pela arroba dessa categoria na média de todas as praças pesquisadas está em 9,5%. Destaque para os estados de Minas Gerais (7%), Paraná (8,8%) e Rio Grande do Sul (0,3%). Em outras palavras, na média geral, enquanto se compra uma arroba de bezerro, é possível comprar 1,3 arroba de boi magro. Número interessante para o pecuarista analisar e refletir.

O gráfico Relação de troca média apresenta a relação de troca do bezerro macho desmamado com o boi gordo, assim como a relação de troca do boi magro também com o boi gordo de 16/04 a 15/05/2019.

Confrontando o período analisado com os 30 dias anteriores, houve diminuição nas relações de troca em todas as praças, com exceção do Rio Grande do Sul, que apresentou aumento na relação de 0,7% para a o bezerro desmamado e 5,3% para o boi magro.

Os estados de São Paulo, Goiás e Paraná apresentaram as maiores quedas nas relações. Na relação de troca com o bezerro, houve retração de 3,8%, 5,5% e 4,5%, e, na relação de troca com o boi magro, a queda foi de 4,9%, 3,0% e 5,2%, respectivamente.

Por fim, a instabilidade política que assola o Brasil e as reformas propostas geram incertezas quanto ao futuro, apesar de a expectativa da arroba do boi gordo ser de preço firme. Cabe ao pecuarista assumir o controle do negócio, conhecer a fundo os seus próprios números e gerir de maneira profissional a atividade que exerce para atravessar este momento turbulento em que o País se encontra.

Autor: Arthur G. S. Cezar, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária
Matéria publicada na Revista AG – Edição Junho de 2019