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O semestre vai chegando ao final e permanecemos atravessando um período crítico na economia. Apesar disso, os setores agrícola e pecuário mostram sua força e continuam firmes na produção e na geração de empregos. Segundo o Cepea, a agricultura elevou o número da população ocupada em 4,1% no segmento primário no primeiro trimestre de 2021 ante ao mesmo período de 2020. Mesmo com diminuição em outros segmentos, a média de geração de empregos do setor foi mais favorável quando comparada ao demais setores.

A pecuária, por sua vez, se mostra firme. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o Brasil foi responsável por 8% das importações de carne bovina para o país entre janeiro e abril, 4% a mais do que no mesmo período de 2020. O quadro Preços do Boi Gordo no Mundo mostra os valores da arroba do boi gordo, em dólares americanos, em quatro dos principais países exportadores mundiais, entre os dias 17 de maio e 15 de junho de 2021.

Mais uma vez a arroba do boi gordo sofreu aumento de valor no mercado internacional. A diferença mais significativa foi no Brasil, passando de U$ 56,73 a U$ 58,96, com aumento de 3,94% quando comparado ao período avaliado anteriormente. Nos EUA, o aumento foi de 3,19%, passando de U$ 61,05 para U$ 63,00. Já na Austrália a alta foi um pouco menor (2,65%), com preços recordes passando de U$ 95,70 para U$ 98,25. Para finalizar, o preço na Argentina fechou o período com média de U$ 57,15, 1,74% maior que o último período avaliado (U$ 56,18).

Após grande repercussão da decisão tomada pela Argentina em fechar as exportações de carne bovina por 30 dias, a fim de tentar controlar a inflação do produto no país, o governo decidiu flexibilizar o impedimento da comercialização, já que a ação não contribuiu para a queda dos preços, gerando, isso sim, vários protestos entre os produtores.

O próximo gráfico mostra a evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da federação, com a variação de preços da arroba a prazo em nove das principais praças pecuárias do Brasil, pesquisadas entre os dias 17 de maio e 15 de junho de 2021.

As variações na média de preço da arroba do boi gordo entre o período avaliado anteriormente e o atual foram pequenas, mantendo constância nos valores. Houve aumento percentual na média da arroba em Santa Catarina (2,61%), Rondônia (2,19%), Mato Grosso do Sul (0,65%), Goiás (0,31%) e São Paulo. Por outro lado, ocorreu queda percentual dos preços nos estados de Mato Grosso (0,71%), Paraná (0,50%), Minas Gerais (0,39%) e Pará (0,20%).

A maior média da arroba do boi gordo no período foi a de São Paulo, fechando em R$ 306,33. SC veio logo em seguida, com valor médio de R$ 304,14. Nos demais estados a média ficou assim: MS, R$ 297,79; PR, R$ 297,64; MT, R$ 297,25; RO, R$ 295,69; MG, R$ 294,94; GO, R$ 292,07 e PA, R$ 291,47.

No gráfico Média do preço da desmama, podemos observar a média dos preços pagos pelo macho Nelore desmamado de 180 kg (6@), em nove das principais praças produtoras do Brasil, entre 17 de maio e 15 de junho de 2021.

O mercado de reposição segue praticamente as mesmas tendências do boi gordo ao longo do período avaliado. Houve significativo aumento no preço do bezerro desmamado em SC, que fechou com média de R$ 2.563,62, 11,72% maior quando comparado à última média observada (R$ 2.294,68). Constatou-se aumento também nas médias de MS, que passou de R$ 3.000,00 para R$ 3.104,76 (3,49%), de RO, que subiu de R$ 2.700,00 para R$ 2.761,90 (2,29%), de MT, de R$ 2.795,00 para R$ 2.842,86 (1,71%) e do PA, de R$ 2.500,00 para R$ 2.521,43 (0,86%). Por outro lado, houve queda nos preços nos estados de SP, que passou de R$ 3.212,50 para R$ 3.026,19 (5,80%); PR, de R$ 3.012,50 para R$ 2.885,71 (4,21%); MG, de R$ 2.915,50 para R$ 2.851,43 (2,20%) e GO, de R$ 2.645,00 para R$ 2.600,00 (1,70%).

No último gráfico desta coluna, Relação de Troca Média, podemos ver as relações de troca do bezerro macho desmamado (180 kg) e do boi magro (360 kg) com o boi gordo (16,5@), entre 17 de maio e 15 de junho de 2021.

A variação na relação de troca entre bezerro e boi gordo demonstrou números positivos para o invernista em algumas regiões, pois com a queda do preço do bezerro em parte dos estados avaliados, o preço do produto ficou mais acessível. A maior variação percentual positiva entre o período avaliado anteriormente e o atual foi de 6,25% em São Paulo, passando de 1,56:1 para 1,66:1. Os estados com relação desfavorável ao terminado foram: SC, que passou de 2,12:1 para 1,94:1 (8,13%), MS, com diferença percentual de 2,73%, MT (2,37%) e PA (1,05%).

A relação de troca entre boi magro e boi gordo mostrou-se similar às diferenças observadas na relação de troca bezerro e boi gordo. A média geral teve diferença percentual positiva de 0,68%, passando de 1,18:1 para 1,19:1. O maior aumento foi observado em RO, de 1,20:1 para 1,26:1 (4,87%). Já a queda mais significativa na relação de troca da categoria ocorreu em MS, de 1,16:1 para 1,10:1 (4,72%).

O mercado tem-se mantido estável, sem grandes variações. Podemos esperar que continue assim por, pelo menos mais um período, embora o cenário político e econômico no Brasil muitas vezes nos leve a incertezas. Desta forma, o produtor deve se preocupar realmente com o que ocorre da porteira para dentro. Deve fazer da sua atividade o melhor negócio possível. Gestão, foco, sustentabilidade, planejamento: nunca devemos esquecer estas palavras!

Autores:
Antony Sewell – Sócio e Consultor (Boviplan)
Victória Girnos – Analista de Conteúdo (Boviplan)
Matéria publicada na Revista AG – Edição Julho – 2021