Blog Boviplan

Estamos vivendo o início do ciclo de alta da pecuária de corte no Brasil. Nesta fase, há, normalmente, uma valorização das categorias de desmama e recria, favorecendo os criadores na questão financeira. É a oportunidade que os pecuaristas têm de recuperar eventuais perdas no processo produtivo nos últimos anos.

É também o momento da modernização na condução de um negócio mais rentável e produtivo, com uma gestão profissional e eficiente. Dessa forma, quando o ciclo de alta se encerrar e o retorno ao período das vacas magras acontecer, os produtores que estiverem bem resolvidos, tranquilos e confiantes atravessarão essa fase sem queixas. É inevitável, então vamos nos preparar bem para isso.

Politicamente, a situação ainda está meio nebulosa. Não sabemos exatamente como o governo irá conduzir as principais reformas que a sociedade tanto espera. O que sabemos é que podemos contar com um Ministério da Agricultura forte e independente, como deixou claro nossa ministra em suas primeiras intervenções. Esperamos que continue assim!

O quadro Boi Gordo no Mundo mostra os valores da arroba do boi gordo nos principais países exportadores de carne bovina no planeta, entre os dias 18 de fevereiro e 15 de março de 2019, em dólares norte-americanos.

Considerando-se o período de 17 dias de avaliação, reduzido em função dos feriados do Carnaval, observa-se que a arroba do boi gordo no cenário mundial apresentou poucas alterações em relação ao período anterior. A maior valorização ocorreu na Argentina, onde a arroba passou a valer US$ 43,47, aumento de 4,02%. Esse valor foi bem menor do que o verificado no período anterior, mas, mesmo assim, confirmou a recuperação do produto argentino no mercado global. O Brasil apresentou baixa de 0,73%, passando de US$ 40,96 para US$ 40,66, o que interrompeu um período de altas consecutivas do produto brasileiro no mercado internacional, tornando a nossa carne um pouco mais competitiva. Foi o único dos quatro países onde o valor caiu; nos outros dois, também subiu. Na Austrália, a arroba valorizou 2,15%, passando a US$ 55,25; e, nos Estados Unidos, foi a US$ 66,49, aumento de 1,96%. Mais uma vez, a carne brasileira foi a mais barata entre os países analisados, o que pode vir a ajudar o Brasil a conquistar novos mercados, o que deve ser sempre uma prioridade em termos de comercialização externa.

O gráfico da Evolução do preço da arroba do boi gordo por UF (Unidade da Federação) mostra a variação dos preços da arroba a prazo no mercado interno, entre os dias 18/02 e 15/03/2019.

Nesse período, a média da valorização da arroba do boi gordo a prazo no Brasil foi de 0,45%, considerando nove dos principais estados produtores, evidenciando uma tendência de estabilização de preços, comum nesta época do ano. A expectativa para os próximos meses ainda é a mesma. Nesse período, apenas dois estados registraram queda no preço da arroba do boi gordo, a saber: Santa Catarina e Rio Grande do Sul; nos demais, alta. A maior baixa ocorreu nos pampas, com 2,45%, perdendo parte do que foi recuperado no período anterior. A maior alta quem mostrou foi o estado de Goiás.

A situação nos nove estados avaliados ficou assim: em São Paulo, a valorização da arroba do boi gordo a prazo foi de 0,59%; em Minas Gerais, de 0,25%; em Goiás, de 2,31%; no Mato Grosso do Sul, de 0,54%; no Mato Grosso, de 1,14%; no Pará, de 1,75%; no Paraná, de 0,60%; em Santa Catarina, a queda foi de 0,28%; e no Rio Grande do Sul, de 2,45%, como já colocado anteriormente. A média dos nove estados no período foi de R$ 146,17 por arroba comercializada.

Já no gráfico Média do preço da desmama, que representa os animais machos da raça Nelore com oito meses de idade e 165 kg de peso vivo, pode-se observar os valores pagos pela reposição da categoria de 18/02 a 15/03/2019.

No período avaliado, uma nova valorização geral da desmama foi verificada, confirmando a tendência de alta dos períodos anteriores. O aumento foi de 1,16%. No entanto, contrariando o verificado anteriormente, três dos oito estados analisados apresentaram queda no valor da desmama. Essa queda, no entanto, não descaracteriza o ciclo de alta que estamos começando a vivenciar. É no estado de São Paulo onde a desmama é mais valorizada no País, sendo que a cabeça dessa categoria foi negociada, em média, a R$ 1.254,12, valorização de 0,33% em relação ao período anterior. O Rio Grande do Sul apresentou alta de 1,82%, mas continua sendo o estado onde a categoria é menos valorizada, tendo sido cotada, em média, a R$ 1.040,00 por cabeça.

A média geral da categoria nos oito estados avaliados foi de R$ 1.199,04. A média da valorização nos demais estados foi a seguinte: Mato Grosso, alta de 1,94%; Pará, 6,99%; e Paraná, 2,28%. Nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, a queda foi de 0,49%, 2,02% e 0,93%, respectivamente.

O gráfico Relação de troca média mostra a relação de troca entre as categorias de desmama e boi magro com o boi gordo de 16 arrobas entre 18/02 e 15/03/2019.

A relação de troca entre desmama e boi gordo, que vinha, nos últimos meses, pendendo para o lado do criador, nesse período, manteve-se estável. No anterior, era possível a aquisição de 1,95 cabeças de desmama com uma cabeça de boi gordo; agora, essa relação está em 1,94. Esse índice ficou bem equilibrado entre os estados avaliados: em quatro deles, a relação subiu (São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul), e, nos outros quatro, ela caiu (Mato Grosso, Pará, Paraná e Rio Grande do Sul). A maior queda, bem favorável aos criadores, ocorreu no Pará: passou de 1,91 para 1,82. A maior alta foi verificada em Goiás, onde o invernista adquiria apenas 1,80 cabeça de desmama com um boi gordo e, agora, passou a adquirir 1,88.

Nos demais estados, a média da relação de troca desmama/boi gordo ficou assim: 1,96 em São Paulo; 1,96 em Minas Gerais; 1,88 no Mato Grosso do Sul; 1,79 no Mato Grosso; 1,98 no Paraná; e 2,29 no Rio Grande do Sul, onde o invernista nada de braçadas em relação às demais regiões do País.

Avaliando a categoria de boi magro, observou-se uma estabilidade na relação de troca na média das regiões, mantendo-se em 1,24 no atual período. Em dois estados, a relação caiu (São Paulo e Rio Grande do Sul); em três, ela subiu; e, em um, manteve-se igual, reforçando a estabilidade ocorrida. A relação de troca em todos os estados foi a seguinte: São Paulo (1,20), Minas Gerais (1,27), Goiás (1,18), Mato Grosso do Sul (1,19), Mato Grosso (1,23), Pará (1,27), Paraná (1,32) e Rio Grande do Sul (1,30).

Os números e os índices apresentados anteriormente são diretamente relacionados ao mercado, como não poderia deixar de ser. O produtor pouco pode fazer para influenciar os preços, mas muito pode fazer para melhorar a qualidade dos seus gastos, tornando tudo muito mais eficiente. A isso chamamos de gestão.

Autor: Antony Sewell, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária
Matéria publicada na Revista AG – Edição Abril de 2019