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Chegamos ao temido período das secas. Este ano em especial, o frio se mostra vigoroso, trazendo geadas e grandes problemas ao agronegócio. Segundo a Epamig, a estimativa de danos nas áreas de café de Minas Gerais pode chegar a 30%. No Paraná, o Deral estima que a colheita de milho possa reduzir 53% ante a estimativa inicial da temporada. Os números preocupam, principalmente quanto à nutrição animal e à busca por produtos alternativos para que não haja perda no desempenho. O preço da soja por sua vez, fechou em queda de 2,49% a saca, segundo o IMEA, no valor de R$ 161,36.

A exportação de carne se mantém firme. Segundo a Abiec, em junho, foram embarcadas 164.332 mil toneladas de carne, 9,7% a mais que em maio, confirmando um primeiro semestre positivo. As exportações brasileiras do agronegócio movimentaram juntas, de janeiro a junho, US$ 61,5 bilhões, uma alta de 20,9% ante o mesmo período de 202, segundo o Ipea.

O quadro Preços do Boi Gordo no Mundo mostra os valores da arroba do boi gordo, em dólares americanos, em quatro dos principais países exportadores mundiais, no período entre 16 de junho e 15 de julho de 2021. A arroba do boi gordo no Brasil segue em alta, fechando o período avaliado com média 4,73% maior que o anterior (17 de maio a 15 de junho). Foi o aumento mais significativo entre os países analisados. Houve leve alta na arroba nos Estados Unidos, de US$ 63,00 para US$ 63,38 (0,6%). Na Austrália e Argentina, os valores diminuíram 1,96% e 0,87%, respectivamente.

O próximo gráfico mostra a evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da federação, com a variação a prazo em nove das principais praças pecuárias do Brasil, entre 16 de junho e 15 de julho. Poucas variações foram observadas. Os preços seguem firmes, mesmo com as perdas causadas pelas geadas. Segundo a Scot Consultoria, apesar da oferta moderada de boi gordo no mercado, as escalas mantém um ritmo confortável de comercialização.

O maior aumento ocorreu no Paraná, de 4,24% ante o último período avaliado, com média de R$ 310,26. A alta foi seguida por Santa Catarina (3,27%); Mato Grosso do Sul (3,02%); Goiás (2,55%); Minas Gerais (2,34%); São Paulo (1,71%); Mato Grosso (1,29%) e Rondônia (1,08%). A única praça em que foi observada diminuição na média de preço da arroba foi a do Pará, passando de R$ 291,47 para R$ 290,91 (0,19%).

No gráfico Média do preço da desmama, observamos a média dos preços pagos pelo macho Nelore desmamado de 180 kg (6@), em nove das principais praças produtoras do Brasil, entre 16 de junho e 15 de julho. A média de preço da desmama, por sua vez, apresentou mudanças significativas em alguns estados. Mais uma vez, o problema das geadas entra em cena, causando perdas nas áreas de pastagem e, com isso, certa instabilidade nos preços. Em MT, a média de R$ 2.995,24 fechou o período 5,36% mais alta em comparação à avaliação anterior. Houve alta também em SC (4,34%), PR (3,88%), GO (1,37%), PA (1,04%), RO (1,03%) e MS (0,61%). Observou–se queda no preço do bezerro apenas nas praças de Minas Gerais (2,19%) e São Paulo (0,87%). Mesmo com a queda esperada, como reflexo da estiagem, a média de preço no período avaliado mostrou-se bastante firme na maioria das praças avaliadas.

No último gráfico desta coluna, Relação de Troca Média, podemos ver as relações de troca do bezerro macho desmamado (180 kg) e do boi magro (360 kg) com o boi gordo (16,5@), entre os dias 16 de junho e 15 de julho. A reposição demonstrou avanço na relação de troca e indica um favorecimento no poder de compra do terminador. Apesar disso, ainda paira sobre os pecuaristas a preocupação acerca dos custos da terminação. A possível falta de insumos na alimentação se torna um fator de risco a ser considerado na hora de adquirir novos animais para engorda.

Na relação de troca entre bezerro e boi gordo, a média geral das regiões demonstrou aumento de 0,67%, fechando o período em 1,77:1. Na maioria dos estados, ocorreu alta na relação de troca, com exceção de SC, PA e MT, com diminuição percentual de 1,03%, 1,14% e 3,88%, respectivamente. Em MG, o aumento na relação de troca foi de 3,76%, passando de 1,71:1 para 1,77:1, seguido por SP (2,72%), MS (2,39%), RO (2,20%), GO (1,15%) e PR (0,42%).

Para e relação de troca entre boi gordo e boi magro, o cenário seguiu com considerável aumento percentual nas praças de RO (6,10%), SC (5,65%) e PR (4,32%). Também foi observado aumento em MS (1,81%), GO (1,29%), MG (1,20%) e PA (0,08%). Apenas duas praças demonstraram diminuição na relação de troca: SP (1%) e MT (0,37%). A média geral das praças foi positiva, passando de 1,18:1 para 1,21:1, aumento percentual de 2,14%.

É muito importante lembrarmos sempre que os números correspondem apenas a uma parte do planejamento do pecuarista. Estar preparado para adversidades como clima e escassez de alimento é ponto chave para o melhor andamento da produção e melhores índices lucrativos!

Autores:
Antony Sewell – Sócio e Consultor (Boviplan)
Victória Girnos – Analista de Conteúdo (Boviplan)
Matéria publicada na Revista AG – Edição Novembro – 2022