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E o Brasil volta a exportar carne para a China! Mais uma vez, a tentativa de bloquear nossas exportações não deu resultado. Este suposto caso de vaca louca no Brasil não conseguiu segurar por muito tempo o envio de carne para um dos principais mercados consumidores do mundo. A China é um grande parceiro comercial do Brasil, e, como já foi amplamente comentado na Revista AG, um pequeno aumento no consumo de carne vermelha naquele país irá representar um grande aumento no fluxo deste produto para lá.

Aliás, a exportação de carnes pelo Brasil continua mais firme do que nunca. Os números continuam expressivos, e a entrada de recursos no País oriundos dessas exportações só vêm aumentando. O quadro Preços do Boi Gordo no Mundo apresenta os preços da arroba do boi gordo, em dólares americanos, nos principais países exportadores mundiais.

A arroba do boi gordo produzida no Brasil continua sendo a mais barata no mercado internacional. Este quadro se repete já há vários e vários meses, mostrando que, aqui, se produz carne economicamente vantajosa, além da indiscutível qualidade do nosso produto. O quadro Boi Gordo no Mundo reflete os preços dos últimos 22 dias úteis; nesta situação, comparando-se com o período imediatamente anterior, a arroba brasileira apresentou novamente um recuo em valores, desta vez, da ordem de 2,26%. A arroba na Argentina também recuou: 1,79%.

A arroba produzida na Austrália, que havia se recuperado de forma significativa no período anterior, apresentou leve recuo nesse mês, da ordem de 0,76%. Os Estados Unidos da América acompanharam os demais países exportadores avaliados e também apresentaram recuo no valor da arroba do boi gordo comercializada internacionalmente. Apesar de continuar sendo a arroba mais cara, chamou a atenção nesse mês a redução no preço: 8,34%.

O gráfico da Evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da Federação apresenta o comportamento do mercado desta commodity nas principais praças pecuárias do Brasil, no período compreendido entre os dias 16/05 e 14/06/2019.

Analisando a atual situação da arroba do boi gordo com o período imediatamente anterior, verificamos uma queda na média geral de preços, que passou de R$ 148,21 para R$ 146,56, considerando os nove principais estados produtores de carne bovina do País. Por estado, a variação nos preços foi a seguinte: quedas de 2,13% em São Paulo; de 1,41% em Minas Gerais; de 2,69% em Goiás; de 1,35% no Mato Grosso do Sul; de 1,19% no Mato Grosso; de 1,51% no Pará; e de 1,75% no Paraná; já em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a alta foi de 0,32 e 1,57%, respectivamente.

Estamos vivendo o início do período da entressafra na produção de carne bovina no País. Com isso, a oferta de gado terminado a pasto é grande, pois as pastagens já começam a secar, e a sua capacidade de suporte se torna muito reduzida. Maior oferta, menor o preço: essa lei é muito antiga! Porém, para aqueles pecuaristas que se planejaram para enfrentar esta situação que ocorre todos os anos, a transição é tranquila. Vender o gado porque está de acordo com o estabelecido no planejamento estratégico das propriedades é motivo de satisfação, e o resultado é positivo. No entanto, para aqueles que precisam vender o seu gado porque acabou a comida, o motivo é apenas de lamentação. Como colocado na coluna anterior, este é o momento em que a falta de planejamento do sistema produtivo e da gestão dos custos da propriedade são evidenciados.

O gráfico Média do preço da desmama apresenta o preço médio pago no macho Nelore desmamado de 180 kg, entre os dias 16/05 e 14/06/2019.

Confirmando a tendência do último período analisado, novamente, a marca dessa categoria foi um aumento geral nos preços levantados nos últimos 22 dias úteis. A média geral dos estados avaliados ficou 2,30% acima do período anterior, confirmando o ciclo de alta da pecuária que estamos vivenciando. As maiores altas foram registradas nos estados de São Paulo e Paraná: 3,76 e 3,18%, respectivamente. Nos demais estados, a alta foi de 1,09% para Minas Gerais; 1,98% em Goiás; 2,66% no Mato Grosso do Sul; 1,91% no Mato Grosso; 2,35% no Pará; e 1,29% no Rio Grande do Sul.

Como comentado nesta coluna no mês de junho, o ágio pago pela arroba do bezerro frente à arroba do boi gordo continua muito alto; e isso vale para todas as praças consultadas!

O gráfico da Relação de troca média apresenta as relações de troca do bezerro macho desmamado e do boi magro com o boi gordo no período de 16/05 a 14/06/2019.

O momento continua sendo favorável ao invernista. A relação de troca de ambas as categorias caiu em todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul. Nos pampas, a relação de troca para o bezerro desmamado subiu 0,99%, e para o boi magro, 7,7%.

Nos demais estados, a queda na relação desmama:boi gordo foi de 7,32%, e na relação boi magro:boi gordo foi de 5,91%, sendo que São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná apresentaram as maiores que- das nas relações. Na relação de troca com o bezerro, retração de 9,48% para São Paulo; 9,91% para Goiás; e 9,16% para o Paraná. Já na relação de troca com o boi magro, a retração foi de 8,08% para São Paulo; de 7,42% para o Mato Grosso do Sul; e de 7,92% para o Paraná.

Infelizmente, o quadro político no Brasil não ajuda. O cenário continua instável, e as decisões do governo são confusas e deixam os produtores, em geral, preocupados com o que pode vir por aí. Nada podemos fazer quanto a isso. O foco do pecuarista deve continuar a ser da porteira para dentro. Planejamento, gestão de custos e de mão de obra, de estoque, controles e informações farão com que o produtor consiga atravessar este período sem sobressaltos.

Autor: Antony Sewell, sócio e consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária
Matéria publicada na Revista AG – Edição de Julho de 2019