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Uso de geomembrana pode reduzir o custo dessa instalação em mais de 50%, além de agilizar sua montagem, que pode ser feita em dois dias.

Reservatório de geomembrana tem durabilidade de 20 a 30 anos.

Tanques de geomembrana são largamente utilizados na construção civil, em obras de aterros sanitários, e na indústria química, em estações de tratamento de efluentes, pois trata-se de um material flexível, com alta “capacidade de deformação”, ou seja, adaptação a diferentes substratos e superfícies irregulares. No meio rural, a geomembrana já é empregada na confecção de lagoas de dejetos de suínos ou em tanques para criação de peixes, por exemplo. Agora, ela começa a ser usada também na pecuária, substituindo o concreto na construção de reservatórios de água para abastecer bebedouros.

Sua principal vantagem é a economia. “Um reservatório de concreto com capacidade para 100.000 litros custa cerca de R$ 40.000, enquanto um de geomembrana, para 500.000 litros, fica entre R$ 20.000 e R$ 22.000. Ou seja, pela metade do preço é possível fazer um reservatório de água com capacidade cinco vezes superior”, afirma Arthur Cezar, consultor da Boviplan, de Piracicaba, SP. Além de gastar menos dinheiro, o produtor economiza tempo. “Dois dias são suficientes para a instalação de um reservatório. Um dia para cavar o aterro (ou fossa) e outro para colocar a lona”, diz o consultor. A geomembrana é comercializada em rolos de 100 m de comprimento por 5,9 m de largura (metragem padrão). Essas dimensões são a medida exata para instalar um reservatório de 27 m de comprimento, 12 m de largura e 2 m de profundidade, suficiente para armazenar 500.000 litros de água.

O produtor, no entanto, pode optar por reservatórios de capacidade menor, mas, neste caso, precisa encomendar um material com padrão diferente junto ao fabricante, o que encarece um pouco o produto. “Convém fazer uma boa análise de custo-benefício”, diz Cezar. Pelo fato de o produtor já arcar com as despesas relativas à instalação, o consultor entende que é mais vantajoso adquirir a geomembrana nos tamanhos já disponíveis no mercado. “Além de não ter custo adicional, contará com água de qualidade e em abundância, o que nunca é demais”, afirma.

Cuidados na instalação

Alguns cuidados devem ser tomados para garantir o bom funcionamento do reservatório de geomembrana, assim como sua longevidade, estimada em 20 a 30 anos. Basicamente o produtor deve dar atenção a três pontos: o primeiro é a declividade. A lona pode ser instalada em uma escavação no solo (fossa), se o terreno já apresentar declividade suficiente para que a água escorra pelo dreno de saída. Caso o terreno seja plano, deve-se fazer um aterro, para que instalação fique acima do nível do solo e se tenha um declive.

“Para um reservatório de 2 m de profundidade, costumamos deixar metade dele (1 m) enterrado e metade acima do nível do solo”, diz. Caso o produtor não atente para esse detalhe, será obrigado a fazer uma vala na direção do dreno de saída com profundidade suficiente para garantir o escoamento da água. Além do gasto com retroescavadeira, se ele tiver algum problema com a tubulação, terá de recorrer novamente ao maquinário para desenterrar os canos. O segundo ponto a observar é a boa preparação do terreno para instalação do reservatório. Após a compactação do solo, deve-se fazer uma vistoria rigorosa para se certificar de que não há pedras no local que possam desgastar a lona com o peso da água, sob o risco de perfurá-la com o passar do tempo.

O terceiro cuidado importante é a colocação correta da geomembrana. Para que o material se molde à fôrma escavada, normalmente em formato de trapézio invertido, a lona deve ser colocada em partes, tira por tira, fundindo-se as extremidades sobrepostas, para uma correta vedação. Aí mora o perigo. Muitos produtores acreditam que podem fazer esse trabalho utilizando soldas comuns que têm na fazenda. A economia se transforma em vazamentos. “A fusão, tanto dos recortes de geomembrana quanto da junção da lona no tubo de saída, deve ser feita com uma solda de alta temperatura. Não dá para abrir mão desse tipo de equipamento”, enfatiza. Após a fundição das bordas da lona, é preciso recobri-las com terra ou pedras, para dar maior firmeza e segurança à instalação.

Abastecimento garantido

A durabilidade de um reservatório de geomembrana também está relacionada a outras precauções importantes, como seguir as especificações recomendadas para o material. Dê preferência aos confeccionados em PEAD (Polietileno de Alta Densidade) com espessura de 1.000 micras (1 mm), mais resistentes. Uma cerca ao redor do reservatório, de tela trançada com 1,5 m de altura, impede a entrada de animais domésticos e silvestres, preservando a estrutura.

Para acessar o interior do reservatório, em caso de limpeza, por exemplo, Cezar recomenda uma escada salva-vidas feita de pneus de bicicleta ou moto, amarrados um a um, como se fossem argolas ou elos de uma corrente. “A escada é presa pelo lado de fora e fica encostada na parede rampada do reservatório. Durante a manutenção, o funcionário pode subir e descer por ela com facilidade, sem risco de rasgar a lona”, explica. Caso queira saber o volume de água armazenada, o produtor pode colocar uma régua volumétrica no fundo do reservatório.

Tão importante quanto esses detalhes é a distribuição da água para os bebedouros. Como o dreno de saída fica no fundo do reservatório, se ocorrer um imprevisto – como um cano quebrado ou uma boia do bebedouro que deixou de funcionar, por exemplo – todo o volume pode se perder até que o problema seja encontrado. Para evitar que isso aconteça, Cezar coloca, no cano rente ao fundo do reservatório, uma peça chamada “cotovelo” e nela encaixa uma sequência de canos de PVC com 30-40 cm cada. “Quando o reservatório tem 2m de profundidade, por exemplo, uso uma sequência de até 1,5 m. Em caso de vazamento, a água retida abaixo dessa altura garante o abastecimento dos bebedouros”.

O consultor prefere trabalhar com pedaços de cano invés de uma peça inteira (1,5 m), para ter mais flexibilidade no controle da vazão de água. “Desencaixo os canos de acordo com a necessidade até que o reparo seja feito”, explica. Da mesma forma, um ladrão colocado na superfície do reservatório garante a saída do excesso de água, se houver problema com a boia. Vale lembrar que o abastecimento adequado dos bebedouros depende de um bom projeto de rede hidráulica, com dimensionamento correto da tubulação, de acordo com a demanda requerida.