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A economia que uma fábrica pode proporcionar não se restringe à produção do núcleo completo na fazenda ou à compra estratégica de insumos nos momentos de maior oferta e menor preço. Tendo capacidade de armazenamento, maquinário adequado e formulação correta, o produtor consegue substituir ingredientes tradicionais por subprodutos mais baratos, reduzindo o custo de produção sem alterar os níveis nutricionais e o desempenho dos animais. É o caso da Fazenda São Francisco, em Ariquemes, em Rondônia.

Dedicada à recria/engorda, em sistema de semiconfinamento, a propriedade usava farelo de soja e milho como fontes protéico-energéticas para bater as rações e suplementos. De dois anos para cá, incluiu no cardápio o caroço de algodão, subproduto que tem alto teor de proteína e valor energético. Com a inclusão desse ingrediente na dieta de engorda, a fazenda substituiu o farelo de soja e reduziu em R$ 0,18 o custo por quilo de ração. A formulação com milho e caroço armazenados na fábrica custa R$ 0,89/kg, ante R$ 1,07/kg se fosse utilizado o farelo de soja.

Como são terminados no semiconfinamento, em média, 150 animais/mês, e o consumo diário é de 6,5 kg/cab, ao final de 30 dias a economia é de R$ 5.265. Lembrando que esse cálculo, vigente para o ano agrícola 2020/2021, considera o preço da safra anterior (2019/2020), quando o milho e o caroço de algodão foram comprados. Comparados com os valores atuais, os números são ainda mais surpreendentes, o que reforça a importância do planejamento. “Hoje, essa mesma dieta custaria R$ 1,95 por quilo, se fosse comprada de uma empresa de nutrição”, afirma Arthur Cezar, consultor da Boviplan, de Piracicaba, SP, que presta assistência à propriedade.

Modelo enxuto

A estrutura da fábrica é bastante enxuta. Não há silos, nem misturador estacionário, nem pá carregadeira. Como a fazenda já dispõe de um vagão distribuidor misturador para abastecer o semiconfinamento, usa-o tanto para bater a ração de terminação quanto os suplementos destinados aos animais de recria. Os insumos são colocados no maquinário por meio de uma concha acoplada na frente do trator. “A pá carregadeira traz mais velocidade, que é importante num confinamento. No nosso caso, em que tratamos somente uma vez por dia, não há necessidade. A concha atende muito bem”, diz.

Adaptação de madeira, na bica do vagão misturador, permite ensacar suplementos.

O mesmo implemento é responsável por “empurrar” o milho para o chupim, que leva o ingrediente, por meio de um elevador de canecas, até o triturador, fixado no alto da parede de um dos boxes de armazenamento. Ao todo, são seis compartimentos. Como a fazenda compra insumos para o ano todo, falta espaço para as 4 t de milho, que são guardadas em silo-bolsa.

Além de bater as formulações e levar a comida para o cocho, o vagão misturador cumpre a função do silo de ensaque, jogando o proteinado dentro da sacaria. “Fiz uma adaptação de madeira na bica do misturador. Estreitei a saída para que o suplemento caia direitinho dentro do saco”, conta Maria Dalva Sheid, gerente da fazenda. Na produção do proteinado (baixo consumo), a economia foi de R$ 0,41/kg. Utilizando os mesmos insumos, mas reajustando a dieta e alterando o núcleo, o consultor reduziu o quilo do concentrado de R$ 1,90 para R$ 1,49. “O mais importante dentro da fábrica é fazer o balanceamento correto entre os ingredientes, visando sempre o menor custo”.

A concha acoplada na frente do trator atende bem o confinamento, que faz apenas um trato diário, usando vagão misturador-distribuidor.