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O mês de agosto se encerrou com negociações mornas no mercado da carne bovina. Os frigoríficos se recolheram do mercado, diminuindo as compras e, consequentemente, causando dificuldades na venda de animais terminados. Como consequência, pudemos presenciar uma estagnação no preço da arroba em quase todas as regiões do Brasil.

A venda de carne bovina no mercado interno permanece em volumes baixos. Segundo dados divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o consumo da proteína no País tende a chegar, neste ano, a 24,8 kg/habitante/ano. É o menor consumo desde 1996, quando o levantamento dos dados se iniciou. A maior quantidade já registrada ocorreu em 2006, com 42,8 kg/habitante/ ano. Em contrapartida, evidenciando a alta demanda vinda da China, as exportações da carne bovina in natura alcançaram, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), 49,41 mil toneladas na segunda semana de agosto.

Outro destaque nas exportações está na carne de frango. Segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), nos primeiros 7 meses do ano exportou-se 2,8 milhões de toneladas da proteína, um crescimento de 6% ante o ano anterior, tendo como principal comprador os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.

Em relação ao agronegócio, o milho está se destacando com uma safrinha de colheitas muito satisfatórias. Segundo números divulgados pela Conab, o volume de colheita deve atingir 87,4 milhões de toneladas, 44% a mais que na safra anterior. No total, o Brasil deve produzir 114,7 milhões de toneladas do cereal.

O quadro Preços do Boi Gordo no Mundo mostra os valores da arroba do boi gordo, em dólares americanos, em quatro dos principais países exportadores mundiais, no período compreendido entre os dias 18 de julho e 15 de agosto de 2022.

O Brasil permanece como o maior exportador mundial de carne bovina e, segundo dados divulgados pela USDA, o Brasil é responsável por 23% do volume total da proteína comercializada no exterior. É estimado que a exportação do país seja de 2,725 milhões de toneladas.

No próximo gráfico Evolução do preço da arroba do boi gordo por unidade da federação, podemos observar a variação de preços da arroba em nove das principais praças pecuárias do Brasil, pesquisadas entre os dias 18 de julho e 15 de agosto de 2022.

O mercado do boi gordo está caminhando de forma mais lenta durante a entressafra. Os preços demonstram uma tendência de queda, muito influenciados pelo menor volume de compras dos frigoríficos, que trabalham com cautela devido ao alto volume de oferta e baixa demanda do mercado interno pela carne bovina.

Durante o período avaliado houve um leve aumento percentual no preço da arroba em apenas duas das nove praças avaliadas. São elas Rondônia (0,80%) e Santa Catarina (0,44%).

A queda percentual mais expressiva ocorreu em São Paulo, onde a média do período passou de R$ 308,45 para R$ 301,88 (2,13%), seguido de Mato Grosso do Sul (1,86%), Minas Gerais (1,30%), Pará (1,13%), Goiás (0,50%), Paraná (0,36%) e Mato Grosso (0,27%).

O gráfico Média do preço da desmama mostra o preço médio pago pelo macho Nelore desmamado de 180 kg, praticado no período compreendido entre os dias 18 de julho e 15 de agosto de 2022.

A categoria da desmama demonstrou variações um pouco mais expressivas quando comparamos às variações vistas no preço da arroba do boi gordo. Das praças avaliadas, houve aumento no preço em quatro delas. O Paraná lidera o aumento de preço, passando de R$ 2.554,29 para R$ 2.729,05 (6,84%), seguido do Mato Grosso do Sul (2,44%), Rondônia (2,13%) e Pará (0,78%).

Houve diminuição no preço da desmama em São Paulo, passando de R$ 2.773,33 para R$ 2.597,14, com diminuição percentual de 6,25%, seguido de Mato Grosso (2,93%), Santa Catarina (1,64%), Goiás (0,63%) e Minas Gerais (0,38%).

O último gráfico, Relação de Troca média, apresenta as relações de troca do bezerro macho desmamado e do boi magro com o boi gordo, entre os dias 18 de julho e 15 de agosto de 2022.

A relação de troca desmama:boi gordo demonstrou aumento percentual em quatro estados. São eles: São Paulo (4,41%), Mato Grosso (2,75%), Santa Catarina (1,99%) e Goiás (0,13%). Podemos evidenciar a partir disso que, apesar da baixa nos preços do boi gordo, a maior queda na desmama favoreceu o estado paulista a conseguir mais animais de reposição no momento.

Houve, por sua vez, diminuição percentual no Paraná (6,75%), Mato Grosso do Sul (4,20%), Pará (1,94%), Rondônia (1,78%) e Minas Gerais (0,93%). A média geral das praças fechou em 1,94:1, valor percentual 0,78% menor que o período anterior.

Na relação de troca boi magro:boi gordo houve aumento percentual apenas nas praças de Santa Catarina (2,36%), Goiás (1,83%) e São Paulo (0,28%). Em todas as outras praças avaliadas no período houve queda na relação de troca.

A maior diminuição ocorreu em Minas Gerais (2,22%), seguida de Rondônia (1,71%), Paraná (1,70%), Pará (1,59%), Mato Grosso (1,14%) e Mato Grosso do Sul (0,44%). A média geral fechou em 1,26:1.

É importante salientar a importância de um bom planejamento por parte dos pecuaristas durante todo o ciclo produtivo. Sabemos que percalços podem aparecer e se torna decisivo a correta tomada de decisão.

A baixa compra por parte dos frigoríficos pode gerar uma desordem na cadeia produtiva, com diminuição das compras das categorias de reposição, excesso de animais nas pastagens e, nesse momento, uma gestão bem feita fará toda a diferença no resultado.

Autores:
Antony Sewell – Sócio e Consultor (Boviplan)
Victória Girnos – Analista de Conteúdo (Boviplan)
Matéria publicada na Revista AG – Edição Novembro – 2022