Blog Boviplan

Por Renato Villela

Conceito de manejo preventivo, defendido por número crescente de pesquisadores e consultores, ajuda produtor a reduzir frequência de reforma dos pastos, cujos custos estão cada vez mais altos. A ordem, agora, é evitar que a degradação entre na fazenda.

Há uma mudança em curso na pecuária brasileira. Se antes a reforma de pasto era prática corriqueira em muitas fazendas do País, hoje a máxima é prevenir. Com a escalada dos preços dos corretivos e fertilizantes nos últimos três anos (incremento de 103,3% no calcário e 307,1%, no MAP, por exemplo), somando-se aos custos operacionais já pressionados pela alta do óleo diesel, o pecuarista tem sido forçado a encarar sua pastagem de modo diferente. A exemplo do agricultor, que não desgruda os olhos da lavoura, ele está aprendendo a prevenir a degradação. Cresce o número de pastos longevos, que continuam altamente produtivos após 20 ou 30 anos de exploração.

Um grande defensor do chamado “manejo preventivo de pastagens” é o pesquisador Moacyr Bernardino Dias Filho, da Embrapa Amazônia Oriental, com sede em Belém (PA). “O pecuarista começa a se conscientizar de que é necessário estar sempre um passo à frente dos problemas. O manejo preventivo, além de simples, é uma estratégia muito eficaz para manter a pastagem em boas condições, reduzindo custos com reforma”, justifica. Segundo ele, cerca de 20% a 30% dos produtores da Amazônia já adotaram o conceito, que também se propaga por outras regiões do País. Levantamento da Scot Consultoria, com sede em Bebedouro (SP), confirma que o índice de degradação severa das pastagens vem diminuindo nos últimos anos (veja gráfico abaixo).

O manejo preventivo se baseia em um tripé simples: monitoramento constante da pressão de pastejo, manutenção periódica da fertilidade do solo e controle de pragas/invasoras. Não se trata de uma estratégia revolucionária, mas de se “fazer o básico bem feito”. No cenário atual de custos de produção em alta, tais cuidados podem garantir a continuidade do negócio. “Errar está saindo muito caro. O manejo preventivo evita retrabalho, perda de fertilidade do solo e a entrada de invasoras de difícil controle na fazenda, minando o bolso do pecuarista”, adverte o pesquisador da Embrapa. Os números reforçam esse alerta. Segundo dados da Scot Consultoria, em 2019 o produtor gastava uma média de R$ 1.620 para reformar um hectare de pasto; hoje, gasta R$ 3.175, mais do que o dobro. Veja a seguir como fazer essa prevenção.

1º) Cuidado com a pressão de pastejo

Quando o assunto é longevidade versus degradação de pastagem, há um consenso entre os técnicos: a pressão de pastejo é o fiel da balança, podendo fazer a produção pender para o lado desejável ou derrapar rumo à baixa produtividade. Janaína Martuscello, professora da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), de Minas Gerais, ressalta que o produtor se preocupa mais com a taxa de lotação do que com a capacidade de suporte do pasto (quantos animais a área comporta sem se degradar). “Há no campo uma tendência de se trabalhar com lotação superior à capacidade da forrageira”, diz.

O consultor Adilson Aguiar, da Consultoria e Planejamento Pecuário (Consupec), de Uberaba (MG), é da mesma opinião. Para ele, a pastagem nunca se degrada por um único motivo. As causas são múltiplas, como a escolha de forrageiras não adaptadas, o estande de plantas mal estabelecido, a falta de correção da fertilidade do solo e de combate às invasoras. “Mas não tenho dúvidas de que o principal fator é o superpastejo”, afirma. Para não cair nessa armadilha, o mais indicado é ajustar a taxa de lotação à capacidade de suporte da pastagem. Isso exige conhecimento tanto da demanda animal por categoria quanto da produção de forragem do pasto, que varia ao longo do ano. “A alternativa mais fácil é manejar o capim com base nas alturas de entrada e saída recomendadas pela pesquisa, para cada cultivar”, explica Janaína, salientando que o pecuarista precisa aprender a identificar os sintomas iniciais de degradação do pasto (veja quadro abaixo).

Quando o produtor conhece o comportamento do capim, a pressão de pastejo deixa de ser vilã para se tornar aliada. De forma dinâmica, ele pode equalizar a demanda e oferta de forragem com base em outras variáveis do manejo preventivo. “Se estou com dificuldade para controlar a cigarrinha ou tenho pouco recurso para fazer adubação, diminuo a pressão de pastejo. Ou seja, se tiro uma perna, preciso fortalecer a outra”, afirma Dias Filho. Para o pesquisador, somente um olhar mais holístico leva à sintonia fina. “O produtor passa a enxergar sua propriedade de modo integrado, onde uma coisa está ligada a outra”, explica.

Aplicação de calcário para corrigir a acidez do solo

2º) Não “rape” o pasto na seca

A longevidade da pastagem também depende dos cuidados com manejo do pasto durante a seca, o que nem sempre é feito a contento. Segundo Moacyr Corsi, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), é comum o produtor achar que, pelo fato de a planta não crescer durante esse período, nem as invasoras se espalharem pela área, ele pode “rapar” o pasto sem maiores problemas. “Se o resíduo pós-pastejo ficar muito baixo, a planta demora para se recuperar. A conta chega no início das águas, com o atraso no primeiro pastejo”, afirma. Fazer o oposto, ou seja, deixar muita massa forrageira, tampouco é desejável. “O resíduo muito alto atrasa o perfilhamento”, afirma.

O período de transição da seca para as águas é considerado um dos mais críticos para o manejo da pastagem. “A planta está exaurida pela falta de umidade ao longo de toda a estiagem, quando suas poucas reservas foram consumidas”, explica Adílson Aguiar. Soma-se a essa condição de estresse o fato de o produtor, normalmente, estar com a corda no pescoço nessa época, com pouca comida para oferecer aos animais. Mesmo assim, todo o esforço deve ser feito para manter a pastagem na altura certa, a mesma preconizada para a saída dos animais no manejo habitual. Segundo Manfred Folz, consultor da Boviplan (Piracicaba, SP), o vigor da rebrota no início das águas depende, fundamentalmente, de como a pastagem foi manejada nos meses de estiagem. “Se a planta estiver rapada e atrofiada na seca, o sistema radicular não terá reserva para rebrotar com as primeiras chuvas. Mas, se o produtor conseguir deixar um resíduo pós-pastejo adequado, a pastagem rebrotará bem, mesmo que tenha sofrido com geada”, afirma.

Pastagem deve ser manejada na altura correta

3º) Monitore a fertilidade do solo

Tão importante quanto manejar corretamente o capim é monitorar a fertilidade do solo onde ele foi plantado. Vale aqui a boa e velha máxima de encarar as gramíneas forrageiras como cultura agrícola. A periodicidade de monitoramento do solo depende do sistema produtivo. Nos rotacionados que trabalham com altas lotações, a coleta de amostras deve ser feita anualmente. Nos modelos menos intensivos, o monitoramento pode ser realizado a cada três ou quatro anos, visando, principalmente, identificar problemas de acidez por alumínio e deficiências de fósforo e potássio, que exijam correção.

A exemplo dos outros dois pilares do manejo preventivo, as ações para aplicação de insumos também podem ser melhoradas, tanto no planejamento quanto na execução. “Um erro muito grande que o produtor comete é aplicar o fósforo junto ou na sequência do calcário”, diz Manfred Folz. Ele explica que, quando esses dois insumos ficam no solo juntos, o corretivo pode reagir com o fosfato, precipitando o fósforo e deixando-o indisponível para a planta. “O calcário tem de ser distribuído, obrigatoriamente, entre 60 e 90 dias antes do fósforo”, ensina o consultor, frisando que a acidez somente será corrigida quando chover, pois o calcário precisa de água para reagir com a solução do solo.

Para ter os insumos à mão na hora certa e por bom preço, é preciso planejar sua aquisição. Segundo o professor Moacyr Corsi, os pecuaristas frequentemente adquirem o calcário no segundo semestre, quando os agricultores já estão no mercado em busca do insumo, após a colheita da segunda safra. “Se a compra for feita antes, em abril/maio, há possibilidade de se conseguir melhores preços, devido à menor demanda”, afirma. Há também um motivo técnico para se antecipar a compra do produto. “Assim que terminam as chuvas, a indústria começa a moer as rochas. O calcário produzido no início tem qualidade superior, porque as máquinas estão recém-revisadas e afiadas. O produto tem textura mais fina, reagindo mais rapidamente no solo”, afirma.

4º) Controle de pragas e invasoras

Cuidar bem de uma pastagem requer atenção ao longo de todo o ano. Os desafios são diferentes, conforme a estação. No período das águas, a cigarrinha e a lagarta são ameaças constantes, que requerem monitoramento e ação rápida, o que nem sempre acontece. “Muitos produtores somente controlam a cigarrinha quando a planta mostra os primeiros sinais de ataque, com o amarelecimento das folhas. Gasta-se dinheiro e a resposta não é boa”, alerta o professor Corsi.

A recomendação é monitorar a pastagem logo no início das chuvas, vistoriando a base das touceiras em busca da presença de espuma, onde as ninfas se alojam. “É preciso treinar a equipe para fazer o controle da praga antes que ela cause dano econômico”, completa Adílson Aguiar. O nível de infestação a partir do qual se recomenda combate com produto químico ou orgânico (à base de fungo) da cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta) é de 20 ninfas/m2. Para a cigarrinha típica dos canaviais (Mahanarva fimbriolata), esse índice é de 5 ninfas/m2.

Quanto à lagarta, o melhor momento para o controle é quando a larva está do tamanho de uma unha (em torno de 5 cm) e “raspando a folha”, estágio que o produtor já conhece, caracterizado por recortes esbranquiçados que lembram retângulos, no meio da folha. Corsi dá uma dica preciosa: verifique se há inseto, ,para combater a praga na hora certa. “Um bom observador, que percorre a pastagem a pé, de moto ou a cavalo, percebe a presença da mariposa. Após cinco a oito dias, os ovos da praga eclodem e a pastagem já apresenta folhas raspadas”, afirma.

É fundamental também monitorar de perto as plantas daninhas, começando no pós-plantio. “Pesquisas mostram que a aplicação de herbicida deve ser feita 15-20 dias após a germinação das sementes”, afirma. Na maior parte das vezes, no entanto, o produtor resiste em fazer o controle nesse período, optando por postergá-lo, sob a alegação de que, se o fizer, mais invasoras nascerão na sequência e ele terá de refazer a operação. “É um erro, porque aí as invasoras já estarão competindo com a planta, atrapalhando seu perfilhamento”, diz o professor da Esalq.

Com a pastagem já formada, o combate às daninhas deve ser feito, de forma regular, sempre no início das águas. “O ideal é fazer o controle cerca de 40-50 dias após as primeiras chuvas. Nesse período, o que era para nascer da sementeira já nasceu”, informa Manfred Folz. O combate precoce é mais econômico e eficiente, pois as plantas estarão menos lenhosas. “Se o produtor deixar a aplicação para o final das águas, será obrigado a usar maior quantidade de herbicida e ampliar a área de aplicação, pois as invasoras já terão se multiplicado, abafando o capim, que perderá vigor de rebrota no período chuvoso seguinte”, diz.

Estas são apenas algumas das medidas preventivas que ajudam a evitar a degradação das pastagens. Veja nas páginas seguintes como dois produtores brasileiros estão usando a técnica.

Degradação, muitas vezes, começa na formação do pasto.

A degradação do pasto é um processo contínuo e escalonado. Seus sinais são aparentes. “As folhas ficam mais estreitas e curtas, envelhecem e morrem precocemente (folhas baixeiras). O solo começa a ficar exposto, abrindo espaço para o aparecimento de plantas invasoras”, descreve Adilson Aguiar, da Consupec. Há outros sinais clássicos de degradação. “A produtividade cai, começam a aparecer cupins na área e a planta fica mais vulnerável a veranicos, uma vez que o sistema radicular torna-se menos profundo”, completa Janaína Martuscello, da UFSJ.

O que os olhos veem o bolso sente. De acordo com Aguiar, sem manejo adequado, a pastagem perde 40% de sua capacidade de suporte apenas um ano após sua formação. Do primeiro para o terceiro ano, a queda é de 70% e do primeiro para o quarto, de 85%. O que o produtor nem sempre percebe é que o processo de degradação, muitas vezes, se inicia na formação do pasto, quando se usa sementes de baixa qualidade, que podem pôr a perder todo o trabalho de correção e adubação de plantio. “Uma semente ruim apresenta falhas na germinação, deixando o estande mal formado”, alerta o professor Corsi, da Esalq/USP.

Outro erro está na pós-semeadura. É comum o produtor incorporar a semente no solo por meio de uma gradagem leve, o que gera problemas na formação do stand forrageiro. “O enterro das sementes fica muito desigual. Algumas são distribuídas mais próximo da superfície e brotam primeiro, enquanto outras, mais profundas, atrasam a germinação, dando oportunidade para as invasoras aparecerem”, afirma o especialista. O mais indicado, de acordo com Corsi, é passar o rolo compressor. O professor da Esalq lembra que o conceito de degradação não é estático, nem simples. Tem pasto sujo, mas produtivo; outros longevos, mas com baixa capacidade de suporte. “Para mim, não basta fazer manejo preventivo, é preciso explorar todo o potencial da pastagem”, diz.

PASTO DE 30 ANOS EM PLENA FORMA

A Fazenda Capivara, localizada no município de Piacatu, no oeste paulista, tem um desses pastos longevos que comprovam a eficiência do manejo preventivo. Formada há quase 30 anos, a área nunca foi reformada, porque o dono da propriedade, Daniel Arthur Baumgartner, explora a pastagem de forma super intensiva, em sistema rotacionado de alta lotação (entre 8 e 12 UA/ha nas águas), mas sempre fazendo manejo preventivo. Pasto longevo e altamente produtivo exige pressão de pastejo variável em função da estação do ano; monitoramento da fertilidade do solo e adubações de manutenção (para máxima produção de massa forrageira), além do controle de pragas e invasoras no momento recomendado.

A Fazenda Capivara tem 1.911 ha, sendo 850 ha de pastagem, dos quais 60 ha são manejados com alta lotação nas águas. Quem percorre os piquetes em meados de outubro, como este repórter, se surpreende ao constatar o verde brilhante e a abundância de massa forrageira em pleno final de estiagem, quando a maioria das pastagens no Brasil apresentam sinais de exaustão. “Durante a seca, reduzimos a taxa de lotação, sempre respeitando as alturas de entrada e saída recomendadas para o capim, por isso ele rebrota de forma vigorosa, mesmo com poucas chuvas”, conta o gerente Antônio Adalberto Lourencetti (o Totti), como é conhecido.

À frente da fazenda, o produtor Daniel Baumgartner, que faz seleção de Nelore, relata que o pai, Thomas Christoph Baumgartner, não tinha dinheiro para formar pastagens quando adquiriu a propriedade, no início dos anos 90, razão pela qual decidiu arrendar a área para o plantio de tomates. “Era uma forma de melhorar a fertilidade do solo, porque essa cultura é muito exigente”, conta o produtor. Na sequência, a Capivara firmou parceria com uma empresa sementeira, que plantou os talhões para a colheita de sementes de capim e entregou, em troca, a pastagem formada.

Lote de vacas com cria no rotacionado da Fazenda Capivara: rebrota vigorosa com as primeiras chuvas.

Projeto pioneiro

Entusiasta de novas tecnologias, Thomas Baumgartner, já falecido, procurou Manfred Folz, da Boviplan Consultoria, de Piracicaba, SP, para implantar o pastejo rotacionado, modalidade que até então apenas engatinhava no Brasil. Durante a viagem que este repórter fez até a fazenda, junto com o consultor, ele fez questão de mostrar o croqui do projeto, desenhado em tinta nanquim sobre papel vegetal. Os 60 ha foram divididos em quatro módulos de 15 ha, todos formados com capins do gênero Panicum. O primeiro módulo foi formado com o pioneiro Colonião; o segundo com Tobiatã, o terceiro com Mombaça e o quarto com Tanzânia. “Montamos o rotacionado em 1995 e, de lá para cá, nunca mais a área precisou ser reformada”, conta Folz.

A área de pastejo rotacionado é reservada às vacas com cria ao pé e às novilhas. À medida que as matrizes começam a parir, em setembro, vão sendo levadas para os piquetes com os bezerros. Durante os meses de verão, a lotação é crescente, até atingir 8 a 12 UA/ha. Para dar conta dessa alta carga animal, a fazenda investe pesado em insumos. São quatro adubações de 200 kg/ ha cada, à base de nitrato de amônia, e mais uma aplicação intercalada da fórmula 20–20 (NPK), na proporção de 300 kg/ha. A correção do solo com calcário é feita a cada três ou quatro anos, de acordo com a análise de solo.

O produtor Daniel Baumgartner: cuidados em todas as frentes.

Cuidados com a “horta”

Para Totti, todo o cuidado é pouco perante um sistema tão intensivo. “Colocamos 1/3 do rebanho da fazenda, de 2.850 cabeças, numa área que representa 7% da área de pastagem. É como se fosse uma ‘hortinha’ dentro da fazenda, temos de cuidar muito muito bem dela”, compara. A partir de fevereiro, quando os capins começam a perder sua capacidade produtiva, a preocupação passa a ser com a pressão de pastejo. A taxa de lotação diminui gradativamente, ajustada à capacidade de suporte do pasto. Entre maio e junho, logo após a desmama, machos e fêmeas são fechados no cocho (sequestro), onde recebem silagem de capim e sorgo, que será substituído por cana a partir do ano que vem, para reduzir os custos. No auge da seca, as vacas vão para as áreas extensivas e a lotação despenca para 1,5 UA/ha.

Daniel Baumgartner também dá atenção extrema ao controle de invasoras no início das águas, especialmente próximo aos bebedouros, cochos de sal e malhadouros (áreas de descanso). O combate à cigarrinha da pastagem também acontece cedo, cerca de 30 a 40 dias após a início da estação chuvosa. “Se não fizermos esse controle entre a segunda quinzena de novembro e a primeira de dezembro, a cigarrinha realizará nova postura de ovos, que eclodirão em janeiro/fevereiro, agravando a infestação”, justifica Totti. Para o controle da lagarta, a observação a campo é fundamental. “Quando começo a ver uma revoada de andorinhas, é sinal de que está na hora de combater a lagarta”, diz.

“Sequestro” é estratégia para preservar pasto na seca.

Venda de genética

Com o retorno das chuvas, garrotes e novilhas seguem caminhos distintos. As fêmeas retornam ao rotacionado, fazendo companhia às vacas com cria, em lotes separados. Depois de passarem por todas as avaliações genéticas preconizadas pelo Programa Nelore Qualitas, do qual a fazenda é participante, 20% são selecionadas como futuras matrizes. Desse seleto grupo, a fazenda retém 60% para recomposição de seu plantel. O restante é comercializado como matriz. As novilhas que não passaram pelo crivo são recriadas e engordadas a pasto, sendo abatidas no final das águas aos 18 meses com peso médio de 13@.

Os machos, por sua vez, são submetidos ao mesmo processo de seleção, mas não permanecem na fazenda, sendo recriados e terminados em outras duas propriedades pertencentes ao produtor. A recria a pasto é feita na Fazenda Tobiatã, no município de Salmourão, a 60 km de Piacatu, também no interior paulista. Aos 18 meses, após a última etapa seletiva do Qualitas, os 20% melhores animais da safra são apartados para serem vendidos como tourinhos. Os demais, após terminarem a etapa de recria, são levados para o confinamento na Fazenda Aimor (vizinha de cerca), sendo abatidos aos 24 meses com 20@, em média.